PIRAPORA IN CENA

O PROGRESSO CONTINUA
Duas Estradas
Em 1929, o distrito de Buritizeiro ganhou sua primeira estrada, uma iniciativa de Jonas Carneiro de Abreu, Joviano Campos Valadares e dos irmãos Alexandre, Prudente e Bento de Melo, tendo Álvaro Teixeira Machado orientado a construção. Em 1931, nova estrada foi construída no município, desta vez por iniciativa de Euclydes Gonçalves de Mendonça (Dr. Duque), saindo pela Costa do Brejo em direção ao Aarão Reis. No ano seguinte, a prefeitura municipal fez esta estrada chegar até Várzea da Palma. Utilizou em sua construção a mão de obra de retirantes nordestinos que passavam pela cidade e que, com a Revolução de 1932, não puderam prosseguir viagem até São Paulo. A administração municipal, tendo à frente o prefeito Raymundo Soares de Santana, recebeu verba do governo estadual e, em vez de distribuí-la sob a forma de esmola, optou por remunerar o trabalho dos retirantes. Fica o registro como exemplo.
Três Bancos
Em 1932, instalou-se na cidade a agência do Banco Comércio e Indústria de Minas Gerais S.A. Foi o primeiro estabelecimento de crédito a chegar a Pirapora,
uma das grandes conquistas das lideranças locais. O Banco Comércio foi depois encampado pelo Banco Nacional S.A . e encerrou suas atividades em Pirapora na
década de 1980. Em 1938, foi a vez da agência do Banco de Minas Gerais S.A ., pertencente à família de Júlio Mourão Guimarães. Este estabelecimento seria depois encampado pelo Banco da Lavoura do Estado de Minas Gerais S.A ., passaria a denominar-se Banco Real S.A. e encerraria suas atividades em Pirapora também na década de 1980. Dois anos depois, em 1940, Pirapora recebeu um imensurável benefício: foi inaugurada a agência do Banco do Brasil S.A.
Benefícios aos Fluviários
Em 1934 a classe dos fluviários recebeu um grande benefício, já fruto da política trabalhista do governo federal: foi inaugurado um posto médico do Instituto de
Aposentadoria e Pensões dos Marítimos (APM), tendo Silvano Ribas como seu primeiro médico. O posto foi chefiado por Raul Vasconcelos Várzea e, depois, por
José Wanderley Figueiredo. Em 1935 começou a funcionar a Delegacia do Trabalho Marítimo, do ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, extinta em 15 de janeiro de 1989. No mesmo ano, foi fundado o Sindicato dos Mestres, Práticos e Classes Anexas da Navegação Fluvial do São Francisco, sobre o qual são feitas outras considerações no capítulo 55 deste livro.
A Associação Comercial
Com a denominação de Associação Comercial de Pirapora foi fundada em 25 de agosto de 1935 a entidade que viria a ser hoje a Associação Comercial, Industrial e Agropecuária de Pirapora. Foi uma iniciativa de um grupo de empresários locais, liderados por Arthur Nascimento. Teve como presidentes: Arthur Nascimento, Antônio Barbosa de Oliveira, Paulo Martinez de Santana, Francisco Bandeira da Mota, José Cintra Mourão, Arnaldo Gonzaga, José Natalino Boaventura Leite, José Figueiredo Cavalcanti, Altino Pedro da Silva, Manoel Carneiro de Mendonça, Emygdio Freire da Silveira, Oswaldo Gotlib, Raimundo Boaventura Leite, Antônio Moreira, Carlos Nogueira, José Jorge Kahey, Flaviano Pereira, Exupério Pereira dos Santos, Carlos Carvalho Burle, Edgard Lagoeiro Albernaz, Geracy Aguiar Pinto, Pedro Eustáquio Pereira dos Santos, Décio Divino Pedras Gonçalves, Gilberto Machado Etz, José Márcio Vargas Liguori, Indalécio Garcia de Oliveira, Marcos Antônio Rocha, Amadeu Soares de Oliveira, Alexander Fontana Brito e Flávia Tatiana Ribeiro de Oliveira. Ao longo dos anos, a Associação, além do apoio dado
à classe empresarial, tem participado de maneira intensa da vida da comunidade. Já faz parte da História da cidade. Tem sede à rua Mato Grosso, nº 410, no Centro.
Quatro Grandes Clubes
Em 9 de maio de 1937, foi fundado o Independentes Clube, aquele que durante décadas foi a sala de visitas da cidade. Foram seus fundadores: Oswaldo de Paula Pinto (primeiro presidente), Oswaldo Gotlib, Francisco Assis Rocha, Silvano Ribas, Herculano Cintra Mourão e outros. Em 12 de janeiro de 1941, foi a vez de Manoel Diniz (Nezinho), Nelson Trindade Cotta e Gilberto Gomes fundarem o Centro Recreativo Piraporense, palco de inúmeros eventos sociais. Em 4 de março de 1941, por iniciativa de Francisco Martins, José Calazans e Antônio Carvalho, foi fundado o Centro Operário Piraporense, com sede na esquina da avenida Tiradentes com rua São Paulo (hoje, Major Theófilo Barbosa). Em 2 de junho de 1943, ocorreu a fundação do União Clube Recreativo Piraporense, com sede na praça José Bonifácio.
Duas Lojas Maçônicas
Em 1937, foi fundada em Pirapora a Loja Deus, Caridade e Justiça Nº 18, filiada à Grande Loja Maçônica de Minas Gerais. Fluviários pertencentes à Loja Harmonia
e Amor, de Juazeiro, trouxeram a ideia para Pirapora. Em sua fundação, foi dirigida pelo venerável Henrique José Neiva Filho. Teve sua sede à rua Bahia, esquina
com Argemiro Peixoto, transferindo-se em 1948 para o atual endereço, à avenida Comandante Santiago Dantas, 630. Nasceu em suas reuniões a ideia de se criar o Colégio Pirapora. Em 1977, por ocasião do quadragésimo aniversário de sua fundação, a loja comemorou festivamente a data, com representações de várias cidades. Em 1987, voltou a festejar seu cinquentenário. Em 2012, comemorou 75 anos de fundação, promovendo grandes festividades. Nilson Corrêa Maia é o seu atual venerável. Em 1938, no dia 7 de agosto, também o Grande Oriente do Brasil se fez presente na cidade, ao ser fundada a Loja Fraternidade Piraporense. João Paculdino Ferreira foi seu primeiro venerável, cargo ocupado em 2012 por João Carlos da Luz. A Loja colabora com a APAE e já prestou substancial ajuda à Banda de Música Três de Maio. Na árdua luta contra as drogas, por duas vezes a Loja trouxe o professor Elias Murad a Pirapora para fazer palestras. Situa-se à rua Antônio Nascimento,371.
A Banda de Música
Ainda em 1937, foi fundada a Filarmônica Três de Maio, uma iniciativa de João Alves de Medeiros (primeiro presidente) e de Afonso Diógenes Baeta (maestro). A partir de 1942, foi dirigida, por muitos anos, por Francisco Martins. Vieram depois: José Pedro de Carvalho Primo, Eurico Cordeiro da Rocha, Antônio Renato do Carmo, José Pereira Soares, José Torres Sobrinho, Joaquim Pereira dos Santos, Raimundo Mesquita de Barros e Antônio Pereira Borges. Possuiu excelentes maestros, como Afonso Diógenes, Cordeiro, Jeferson Feitosa, Caetano Teixeira, Davi José Miranda Filho e, atualmente, Faustino Pereira da Silva. Esteve entregue à Companhia de Navegação (1967-1974) e à Liga Católica Jesus-Maria-José (1974-1984), até ser transformada, em 1985, em entidade pública municipal, com o nome de Banda de Música Municipal Três de Maio. É formada por 32 músicos e mantém uma escola de música com mais de 30 alunos. Tem sede à rua Belo Horizonte, número 988, no bairro Santo Antônio. Ao longo dos anos, tem levado alegria ao povo, tem abrilhantado as festas cívicas. Já é parte integrante da
comunidade.
O Aeroclube
Ainda em 1942, um grupo de pessoas lideradas por Raimundo Boaventura Leite, fundou o Aero Clube de Pirapora. Dentre seus primeiros dirigentes, figuravam: Arnaldo Gonzaga (presidente), Edmundo Bizzotto (vice-presidente), José Cintra Mourão (1º secretário), Inácio de Mattos Quinaud (2º secretá-rio), Francisco Borja de Oliveira (tesoureiro), Américo Novais (bibliotecário) e Maurício Peres (instrutor e diretor de material). Tamanha foi a motivação do pessoal, que o aeroclube acabou projetando-se nacionalmente ao alcançar em 1944 o primeiro lugar no Brasil em número de pilotos e, em 1945, o segundo lugar em horas de vôo.
Ainda em 1945, o piloto Euclides Palitot de Lima, com brevê de Pirapora, estabeleceu recorde mundial de permanência no ar, sem reabastecimento, em avião de
60 cavalos, indo de Pirapora a São Luiz do Maranhão, em vinte e quatro horas e cinco minutos.
A Legião Brasileira de Assistência
A Legião Brasileira de Assistência (LBA) foi fundada em 1942 por Darcy Vargas, esposa do Presidente Getúlio Vargas. Tinha inicialmente a finalidade de amparar
as famílias dos brasileiros que viessem a ser convocados para lutar na segunda guerra. O núcleo de Pirapora foi fundado em 19 de setembro de 1942 e arrecadou fundos em benefício das famílias enlutadas com o afundamento de navios brasileiros. Muitos foram os piraporenses que doaram à campanha o equivalente a um dia de trabalho. A comissão aqui formada foi dirigida por Heroína Diniz Gonzaga e contou com a atuação de Cyrene Guimarães Bicalho, Conceição Malard, Criselina Passos, Cândida Mendes Álvares, Efigênia de Souza e Silva, Aurora Bizzotto, Maria Gouvêa Garcia, Irene Silveira Dias, Diva Meireles Oliveira, Jovelina Hermetto Barbosa e Annita Vargas do Amaral.
Mais Melhoramentos
Nesta terceira fase de sua História, Pirapora recebeu novos benefícios, além dos já citados. Da parte do governo federal, viu ser aqui instalada, em 1929, a Capitania Fluvial dos Portos do São Francisco. Em 1933, foi inaugurado o campo de aviação e os piraporenses viram aqui pousar o primeiro avião, um “Waco” do Correio Aéreo Militar (depois, Correio Aéreo Nacional). No mesmo ano, foi inaugurado o Posto de Classificação de Algodão, tendo como encarregado Adalberto Braga, substituído por Arthur Lopes e Wilson de Almeida. Em 1941, foi instalada a Agência Municipal de Estatística. Em 1944, teve início a construção do cais. Da parte do governo do estado, Pirapora recebeu um grande benefício em 1938, que foi a instalação do Centro de Saúde Estadual, tendo como primeiro diretor o
médico Antônio Carneiro Maciel. No âmbito da prefeitura municipal, a cidade viu, em 1937, começar a ser feito o serviço regular de remoção de lixo. Em 1938, teve início o serviço de calçamento, do tipo “pé-de-moleque”, começando pela avenida Mascarenhas. No ano seguinte, foi feito o da avenida Tiradentes. Em 1944, foi construído nosso primeiro mercado municipal, na avenida Mascarenhas. O prédio viria a ser destruído por incêndio em 1953. É onde hoje se acha
instalada a câmara municipal. Em 1945, na administração de Raimundo Boaventura Leite, foi desapropriada a faixa de casas que havia na avenida Salmeron, onde veio a ser implantada a orla. Foi também aberto o prolongamento da avenida Rodolfo Malard (trecho que vai da praça Coronel Ramos até à avenida Governador Valadares). E houve também iniciativas comunitárias e particulares. Em 1936, Júlio Mourão Guimarães presenteou a cidade com a doação do hospital Benjamim Guimarães. Não chegou a funcionar, mas foi usado pela Escola Paroquial Santo Antônio, pelo Patronato de Menores e pelo Colégio Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento. Em 1937, no dia 18 de julho, foi fundada a Associação Piraporense de Amparo à Pobreza (APAP). Em 1938, no dia 17 de junho, foi aqui fundado o núcleo local da Igreja Evangélica Congregacional. Em 1944, a Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira instalou seu depósito em Várzea da Palma, então pertencente ao município de Pirapora.