PIRAPORA IN CENA

SOB O COMANDO DOS NASCIMENTOS
Novos Timoneiros
Por onze anos e meio, os destinos do município de Pirapora seriam conduzidos sob a decisiva influência da facção dos Nascimentos. A era foi inaugurada com
muita festa e com o pipocar de muitos foguetes, há anos guardados. Isto se deu em 1925, com a eleição de Rodolfo Malard para a chefia da municipalidade.
Dr. Malard
Rodolfo Malard, médico, nasceu em Ouro Preto em 20 de dezembro de 1893 e diplomou-se em Belo Horizonte em 1918, ano em que esteve em Pirapora combatendo de corpo e alma, a “gripe espanhola” que assolava o país e que aqui fez muitas vítimas. Ao chegar, em definitivo, em 1919, entrou na política
e filiou-se à facção nascimentista e veio a ser um dos maiores líderes da comunidade. Por trinta anos, tomou parte em todos os atos da vida política e administrativa do município. Foi vereador, presidente da câmara e agente executivo municipal de 1925 a 1927. Em 1935, dirigiu o Partido Progressista e, em 1945, o Partido Social Democrático, agremiações que ajudou a fundar. Morreu em desastre de avião em 13 de fevereiro de 1949, junto com o piloto Pedro Pereira da Silva, num dos mais dolorosos momentos da vida da cidade.
Um Mar de Tranquilidade
Ao verem findarem os anos 20, os correligionários da família Nascimento traziam consigo algumas doces certezas, aquelas certezas capazes de fazer inveja a qualquer político. A chefia do município havia passado das mãos de um nascimentista para outro: em 17 de maio de 1927, Rodolfo Malard entregou o cargo de agente executivo a Arthur Nascimento, que governou até 1931. A esta altura, a delegacia de polícia estava entregue aos nascimentistas José Emanoel Burle e Januário Cornélio Ribeiro. O ministro da Justiça do presidente Washington Luiz era Augusto Viana do Castelo. E, para completar a coroa de felicidade, o vice-presidente da República chamava--se Fernando de Mello Viana, ou seja, aquele que havia mandado afastar o Coronel Ramos.
A Oposição
Aos ramistas, ainda desarticulados, restavam as agruras de contemplar o poder à distância, sem a mínima chance de recuperá-lo a curto prazo. O Coronel
Ramos havia falecido e alguns amigos seus haviam deixado a cidade, em definitivo ou até que as coisas mudassem. Foram os casos de Argemiro Peixoto, Joaquim Rodrigues Santiago, Américo Ferreira Lima, Armênio Sarmento, Justiniano José de Almeida, Cristóvão Faria, Allysson Faria e a própria família do Coronel Ramos. Com tristeza, os ramistas viram, na principal praça da cidade, placas com o nome de Melo Viana serem colocadas nos lugares das placas que tinham o nome dos Cariris. Viram as placas com o nome do Coronel Ramos serem retiradas da praça da matriz. E nada podiam fazer. Somente um fato, talvez, não tenha sido bem avaliado na época própria: estimulado por seus amigos Francisco Bandeira da Mota e Carlos Carneiro de Mendonça, com os quais convivia no Rio de Janeiro, um novo morador havia aqui chegado em 1923. Tinha 23 anos e, transferindo-se para Pirapora, aqui havia se estabelecido no comércio. Tornou-se amigo de José Álvares da Silva e foi logo tomando gosto pela política. Seu nome: Arnaldo Gonzaga.