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CINCO HOMENS DE PRIMEIRA GRANDEZA

O Coronel Ramos
Nascido em 3 de dezembro de 1874, em Cachoeira do Campo, distrito de Ouro Preto, José Joaquim Fernandes Ramos era filho de Joaquim Fernandes Ramos e de Bernarda Adelaide Figueiredo. Bacharel em Letras, trabalhava na Companhia Cedro e Cachoeira, no Cedro (hoje, Caetanópolis), empresa da família Mascarenhas. Casou-se em 1908 com Cecy Nunes de Faria. Esteio de seu esposo, dona Cecy dignificou o cargo de primeira dama e veio a ser, de maneira marcante, a precursora da cultura em Pirapora. O Coronel Ramos chegou a Pirapora em 1902, para assumir a gerência do Depósito da Companhia Cedro e Cachoeira. Porém, foi bem mais além do que cuidar do empreendimento. Acreditou no arraial e, graças à sua liderança pessoal, à sua visão progressista e ao seu amplo círculo de importantes amizades, tomou a frente de todas as iniciativas levadas a efeito em Pirapora no primeiro quartel do século XX. Com o decidido e indispensável apoio da Cedro e Cachoeira, obteve inúmeros benefícios para a comunidade, à qual imprimiu um ritmo de administração jamais visto em nossa História. Liderou pessoalmente a campanha que culminou com a emancipação política de Pirapora, presidindo a comissão que a viabilizou e mantendo na capital os contatos necessários. Coordenou a instalação do município e, por três vezes consecutivas, foi eleito vereador, presidente da câmara municipal e agente executivo municipal (cargo hoje correspondente ao de prefeito municipal), vindo ainda a fazer o seu sucessor ao fim de seu último mandato. Conseguiu a elevação de Pirapora à categoria de cidade, qualificação que, à época, dependia de lei especial. A ele se deve a criação do Termo de Pirapora da Co-marca de Curvelo, embrião da futura Comarca. Trouxe para Pirapora a escola de aprendizes marinheiros, a estrada de ferro, o posto de fiscalização, a coletoria federal, a coletoria estadual, a ponte Marechal Hermes (quando o governo federal já havia abandonado a ideia de levar a ferrovia até Belém do Pará), o hospital Carlos Chagas de Buritizeiro (quando a escola de aprendizes encerrou atividades), o posto de meteorologia, a agência do telégrafo e a Companhia Indústria e Viação de Pirapora. Construiu o prédio do Paço Municipal (onde funcionaram o Executivo, o Legislativo e a Escola Pública), o segundo cemitério (rua Montes Claros) e o prédio da primeira cadeia. O Ensino ocupava lugar privilegiado entre as suas preocupações. Conseguiu a criação e instalação do Grupo Escolar de Pirapora (atual Escola Estadual Fernão Dias) e apoiou todas as iniciativas tomadas, em sua época, na área educacional. Por sua iniciativa, Pirapora teve implantados o abas-tecimento de água, a energia elétrica, a rede telefônica, o serviço militar (tiro de guerra) e o matadouro. Em seu mandato, a Cedro e Cachoeira implantou o planejamento urbano da cidade (Centro e Alto). Católico praticante, fundou a Sociedade São Vicente de Paulo e ajudou na construção da igreja-matriz. Foi fruto de seu trabalho a vinda dos frades franciscanos para Pirapora. Mesmo sob risco, enfrentou de corpo e alma a gripe espanhola de 1918, dando assistência aos enfermos. Deu decisivo apoio a outras iniciativas, como a criação da União Operária Piraporense (primeira entidade operária de Pirapora) e a fundação do Pirapora Foot--Ball Club (primeiro clube de futebol) e a manifestações populares como a banda de música, o carnaval e a folia de reis. Homem de equipe, não agia isoladamente. Pelo exemplo, congregava. Conseguiu sensibilizar amigos, empresários de modo a virem a acreditar na potencialidade da região e da comunidade que se formava. Assim, Pirapora viu surgirem o primeiro jornal, a primeira farmácia, o primeiro cine-teatro, a primeira banca de jornais, a primeira fábrica de refrigerantes, as primeiras padarias. A primeira grande indústria da cidade, a Companhia Indústria e Viação de Pirapora, foi aqui implantada pelo empresário Otávio Barbosa Carneiro que afirmou ter sido o Coronel Ramos o grande culpa-do pela sua paixão pelo rio São Francisco. Foi presidente do diretório municipal do Partido Re-publicano Mineiro, juiz de paz, promotor público ad-junto e coronel da Guarda Nacional. Foi ainda sócio dos irmãos Nascimento na loja A Primavera e diretor da Companhia Indústria e Viação de Pirapora. De uma só vez, trouxe para visitar Pirapora o Presidente da República efetivo, o Presidente da República eleito e o Presidente eleito do estado de Minas. Para muitos, foi um incansável misto de grande político, administrador, juiz, advogado, professor, conselheiro, médico, farmacêutico, enfermeiro, depositário e, acima de tudo, amigo. Seu fiel amigo Argemiro Peixoto repetia a frase difundida em seu tempo: “quem não conheceu o Coronel Ramos foi um roubado na vida”. Foi ele o cidadão que transformou nosso arraial de São Gonçalo de Pirapora na cidade de Pirapora. Foi o homem certo, no local certo, no momento certo. Sob sua direção, a comunidade floresceu. O Coronel Ramos é a mais legítima, significativa e expressiva liderança de Pirapora em todos os tempos. É a maior personalidade da História da Cidade.


Os Nascimentos
Os irmãos Antônio, Raymundo, Arthur e Álvaro Nascimento nasceram no município de Nova Lima, em localidade então denominada Santo Antônio do Rio
Acima, perto de Sabará. Mudaram-se inicialmente para Mendes, no estado do Rio de Janeiro, no fim do século XIX. Tendo Arthur, ainda jovem, preferido voltar para Minas, transferiu-se para General Carneiro (região de Belo Horizonte), quando foi convidado a prestar serviços à Companhia Cedro e Cachoeira em Pirapora. Sensibilizou seus irmãos, tendo todos eles para aqui se transferido. Formados na escola do trabalho, os Nascimentos foram grandes empreendedores. Detentores de notável capacidade de liderança, desempenharam, por mais de quarenta anos, um papel preponderante em todos os
setores de atividade, tanto política, como empresarial e social. Eram sócios da loja A Primavera. Constituíram a firma Nascimento & Irmãos, proprietária do Trapiche do Norte (onde hoje está instalada a Monvep/Volkswagen), que distribuía, entre outros produtos, a cerveja Brahma e os biscoitos Duchen. Possuíam um vapor e uma gráfica, na qual Álvaro imprimia o semanário O Pirapora. Eram correspondentes do Banco do Brasil e revendedores dos automóveis Ford. Foram proprietários de várias fazendas, tendo Arthur contratado e vendido, em 1917, duas mil reses de criar, quantidade considerada elevada para a época Descendentes de uma irmã do Barão de Cocais, os quatro irmãos eram filhos do major Delfino José do Nascimento e de Luíza Lina da Silva. Antônio nasceu em 27 de novembro de 1872 e faleceu no dia 15 de fevereiro de 1919. Era casado com ​Etelvina Medeiros. Raymundo nasceu em 27 de junho de 1875, vindo a falecer em 27 de julho de 1934. Era casado com Ernestina Medeiros. Arthur viveu de 28 de dezembro de 1876 a 17 de de-zembro de 1944. Casou-se com Adi Lemos. Álvaro veio ao mundo em 22 de fevereiro de 1881, tendo falecido em 25 de dezembro de 1957. Era casado com Jovelina Macedo. Todas estas senhoras sempre se posicionaram ao lado de seus esposos, ratificando a sabedoria popular, segundo a qual, ao lado de um grande homem sempre existe uma grande mulher.


“A Primavera”
Em 1908, os irmãos Antônio e Arthur Nascimento associaram-se ao Coronel Ramos e constituíram a firma Nascimento & Companhia, da qual resultou a fundação da casa A Primavera. Foi Arthur o idealizador do empreendimento, figurando como sócio fundador da casa. Antônio era o gerente e o Coronel Ramos o sócio solidário. A loja ficava na esquina em que hoje se cruzam a ave-nida Salmeron e a alameda Lourdinha Diniz, no prédio onde vieram a se estabelecer, entre outras, a Imobiliária São Francisco e Allmax Informática. Era, na realidade, um grande armazém de secos e molhados, onde a população comprava de tudo: tecidos, armarinhos, ferragens, tintas, calçados, chapéus, louças, máquinas de costura, armas, munições, arreios e gêneros alimentícios. Depois do Depósito da Cedro e Cachoeira, era o maior estabelecimento comercial da região. A Primavera constituiu um marco na História de Pirapora, pois, além de grande empresa comercial, simbo-lizou, de modo eloquente, a amizade e a confiança que se faziam presentes nas relações entre as famílias Ramos
e Nascimento. Pelo menos, até 1917.

Copyright 2013 Pirapora in Cena. 

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