PIRAPORA IN CENA

O RECOMEÇAR:
NOVOS TEMPOS, IDEIAS NOVAS
Um Novo Sistema
Em termos de política, Pirapora já se apresentava, em 1945, com novas feições. A exemplo do que ocorrera em outras comunidades, aqui também se formaram as seções municipais das diversas agremiações partidárias criadas no País ao final da ditadura de Getúlio Vargas. Nesta quarta fase de nossa História, vários foram os componentes que determinaram os novos posicionamentos da classe política. O primeiro foi o fato de os partidos passarem a ser estruturados em nível nacional, sem maiores compromissos familiares ou locais e guardarem certa fidelidade a um programa mínimo de orientação geral. Ao lado dos partidos, houve a progressiva atuação dos grupos ideológicos, ensejando que alguns agrupamentos, às vezes extremados, buscassem não somente o poder, mas, principalmente, a difusão de seus ideais. Acrescente-se a presença de uma nova força, o trabalhismo, gerando de um lado, o populismo getulista e, de outro, as forças que a ele se opunham. Houve ainda a renovação natural de lideranças e de liderados, apressando o fim do “coronelismo”, somando-se a essa renovação o êxodo rural, que deu margem a que, aos poucos, os partidos de índole conservadora cedessem espaço aos mais populares. Por fim, a partir de 1945, houve o progressivo aperfeiçoamento da justiça eleitoral. Dentro desses condicionamentos e de outros de menor expressão foram criados diversos partidos no País,
alguns deles com raiz na alma do povo. No município de Pirapora, na época, sete deles tiveram representação local.
Partido Social Democrático (PSD)
Por inspiração de Getúlio Vargas, foi o PSD fundado por Benedito Valadares no dia 8 de abril de 1945. Tinha como apoio a máquina político-administrativa do Estado Novo (leia-se: ditadura de Getúlio Vargas). Foi o partido de Juscelino Kubitscheck, Tancredo Neves, Ulisses Guimarães, José Maria de Alkmim, Israel Pinheiro e do Coronel Manoel José de Almeida. Em Pirapora, o PSD foi fruto da aproximação de parte das forças políticas antes divergentes. Sentaram-se frente à frente, de um lado, Arnaldo Gonzaga e José Álvares da Silva e, de outro, Rodolfo Malard e Raymundo Soares de Santana. Fumaram o cachimbo da paz e juraram que iriam esquecer-se de tudo o que havia acontecido antes. Assim foi fundado o PSD de Pirapora, o “partido dos cabeças brancas”. A primeira reunião formal se deu no dia 2 de agosto de 1945, no Ginásio São João Batista. Foi presidida, a pedido do governador Benedito Valadares, pelo prefeito municipal Raymundo Boaventura Leite, que não se integrou ao partido e logo depois, coerentemente, pediu demissão da prefeitura. O primeiro diretório foi formado por Rodolfo Malard (presidente), Arnaldo Gonzaga (vice-presidente), José Álvares da Silva (secretário), Raymundo Soares de Santana (2º secretário), Octaviano da Costa Alkmim (tesoureiro), Álvaro Nascimento (2º tesoureiro) e mais os seguintes membros: Aristides Stockler de Azevedo, Augusto Nunes dos Santos, Bernardino José Barbosa, Floriano Soares Diniz, Humberto Malard, Jonas Carneiro de Abreu, José da Silva Maia, José Soares Dias, Júlio Mourão Guimarães, Oswaldo Machado, Oswaldo Nascimento (Vadote), Petrônio Alves Ferreira Diniz e Salvador Roberto. A estes vieram juntar-se, nos vinte anos seguintes: Abdias José de Almeida, Aluísio Campos Valadares, Aniceto Ferreira de Souza, Antônio Alves de Souza, Antônio Moreira, Antônio Rodrigues Ricardo, Arlindo Leite Ribeiro, Christóvão Joaquim Fernandes Ramos, David Francisco Braga, Delcismar da Silva Maia, Do-mingos Diniz, Edwaldo Regis de Santana, Egydio Alcântara de Carvalho, Francisco Assis Rocha, Francisco Ribeiro da Cruz, Frederico Ozanam Ramos, Fulgêncio Matos, Geraldo de Oliveira Simões, Humberto Pinheiro de Castilho, Jair Pinto da Rocha, Jefferson Gitirana, João Alves Linces, João Caires de Oliveira, João Dias da Costa, João Guimarães Figueiredo, Joaquim Marques de
Carvalho, Joaquim Oliveira, José da Cunha Lélis, José Diniz Ferreira, José Gomes de Sá (Floresta), José Rodrigues Bijos, Justo Alves dos Santos, Juvercino Guerra,
Newton Cardoso de Souza, Olímpio Vieira Lima, Otá-vio Pereira Salgado, Pedro Jorge Hatem Filho, Saul Brasil, Sebastião Pereira dos Santos, Silvano Ribas, Sinval
Ribeiro da Cruz, Tomaz dos Santos, Waldir Anunciação, Walmir de Oliveira, Walter Dias da Costa, Wilson Diniz.
Partido Trabalhista Brasileiro - PTB
Em 15 de maio de 1945, funcionários do ministério do Trabalho, fiéis a Getúlio Vargas e orientados por Alexandre Marcondes Filho, fundaram o PTB. Foi a
agremiação de João Goulart, Leonel Brizola, SanThiago Dantas e Miguel Arraes. Em nossa cidade, a iniciativa de sua fundação coube a Nelson Trindade Cotta, que tinha ao seu lado Aristides José Viana (Cazumbá), Simplício Ramos, Orlando Leite Barbosa, Francisco Ferreira de Alencar e Matias Eugênio da Silva. Ao longo de seus vinte anos de existência, o PTB veio a contar também com o concurso de expressivas lideranças municipais, dentre as quais se destacaram: Ananias Coelho, Antônio Cândido de Oliveira, Bartolomeu Lopes da Silva, Corbiniano Ribeiro da Silva, Eduardo José Hatem, Elpídio Pereira dos Santos, Emília Batista
Rocha, Exupério Pereira dos Santos, Germano Bispo dos Santos, Guilherme Gomes, Hildebrando Leite da Silva, João Cotta Sobrinho, Joaquim Cândido de Oliveira, José Gomes de Souza, José Lopes, José Luiz da Rocha Filho, José Maria Paradas, Lauro Moreira do Nascimento, Lídio Gonçalves Carneiro, Lourenço Rodrigues, Lucílio José da Rocha, Luiz Neves dos Santos, Maria Oliveira, Moisés Magalhães Freire, Orlando Nunes Matos, Pedro Ribeiro da Cruz, Rubens Honório dos Santos, Walyd Ramos Abdalla.
União Democrática Nacional - UDN
A UDN foi fundada em 7 de abril de 1945, pelas forças políticas que, congregadas em torno do brigadeiro Eduardo Gomes, se opunham à ditadura de Getúlio
Vargas. Foi o partido de Magalhães Pinto, Carlos Lacerda, Juraci Magalhães, Afonso Arinos de Melo Franco, Antônio Carlos Magalhães e José Sarney. Sua seção municipal em Pirapora foi fundada por Quintino Vargas, Antônio Pedro da Silva, Américo Novais, José Natalino Boaventura Leite e David Alves Sampaio. De 1945 a 1965, foram muitos os líderes locais que vieram a filiar-se à UDN e, entre eles, sobressaíram: Aggeu Nunes Coelho, Alyrio Nunes Coelho, Altino Pedro da Silva, Anísio Bispo Coelho, Bento Mello, Carlos Martins Dias Nogueira, Claudemiro Santos, Cristiano Azevedo, Demóstenes Dumont Vargas, Domiciano Ribeiro (Dico), Edgard Lagoeiro Albernaz, Edmundo Boaventura Leite, Emygdio Freire da Silveira, Evaristo Barbosa de Oliveira Filho, Flaviano Pereira, Francisco Bandeira da Mota, Geraldo da Cunha Sanguinette, Heitor Carneiro de Abreu, Herculano Cintra Mourão, Inácio Matos Quinaud, Ivan Passos Bandeira da Mota, Joaquim
Rodrigues, Jorge Vargas, José Campos Valadares, José Carlos Moore, José Figueiredo Cavalcanti, Leonardo da Piedade Diniz, Luiz Gonzaga Carneiro de Abreu, Moisés Conceição, Nestor Malard, Odilon Ferreira da Silva, Orlando Barbosa de Araújo, Orlando Nunes Coelho, Ovídio Guedes Cavalcanti, Raimundo Boaventura Leite, Vivaldo Machado de Araújo.
Partido Republicano - PR
Em 1945, o PR foi reestruturado pelo ex-Presidente da República Arthur Bernardes. Só foi realmente forte em Minas Gerais. Em Pirapora, foi fundado por Athanázio Lima, tendo recebido a posterior adesão de Carlos Rabelo de Aquino, Deoclides Soares, Edil Gama Lima, José Bandeira da Mota (Motinha), Rui Miranda Costa e Severino Francisco Lima.
Partido Social Progressista - PSP
Já o PSP, foi criado por Ademar de Barros em São Paulo, no dia 2 de junho de 1946. Só foi forte no estado que lhe serviu de berço e na cidade do Rio de Janeiro.
Em Pirapora, contou com a participação de Francisco Dias, Armando Corrêa da Silva (Maninho), Olavino do Nascimento e José Bento da Cunha.
Partido Comunista Brasileiro -PCB
Fundado em 15 de março de 1922, por Astrogildo Pereira, viveu na clandestinidade, tendo sido legalizado no dia 10 de novembro de 1945 e novamente colocado na ilegalidade em 1947. Seu líder máximo sempre foi Luiz Carlos Prestes. Em Pirapora, a exemplo do que ocorria em todo o País, fazia campanhas em favor da paz, da Petrobrás e de melhores condições de vida para o operariado e, bem assim, contra o rigor dos dispositivos de segurança nacional.
Partido Libertador - PL
Fundado em 1928, foi reestruturado em 1945 por Raul Pila. Defendia o parlamentarismo e costumava colocar-se sempre ao lado da UDN. Em Minas, era chefiado por Jacinto Marcelino Pereira. Sob a legenda do PL, Antônio Gomes Pinto Coelho se elegeu para a assembléia legislativa em 1962. Em Pirapora, congregou alguns jovens no início dos anos 60, destacando-se Cláudio Carneiro de Mendonça, Jamil Jorge Kahey, Roberto Arnaldo Pereira Diniz, Ivo das Chagas, Moisés Fonseca, Amintas Cesário Moreira, João Esteves, Dario de Castro Moura.
Pesos e Medidas
Com as oscilações próprias da política partidária, admite-se tenha sido o PSD, no início desta fase, o maior partido de Pirapora ou, pelo menos, o mais bem
estruturado. Era seguido de perto pelo PTB e, com maior distância, pela UDN. Entretanto, depois de concedida, em 1953, a autonomia a Várzea da Palma (incluindo Guaicuí) e a Lassance, distritos que possuíam meio rural mais denso, a balança passou a pender francamente para o lado dos trabalhistas, detentores que eram de muitos votos no seio da população urbana, mormente entre os fluviários. O PR sempre foi o quarto colocado, o PSP nunca teve maior expressão eleitoral. Os comunistas não tinham como mostrar-se em número de votos. Em termos de Brasil e de Minas Gerais, o PSD e o PTB caminhavam sempre juntos, ao contrário do que ocorria em Pirapora, onde estes dois partidos levaram dezessete anos para fazer uma coligação.
Nas Ondas da Redemocratização