PIRAPORA IN CENA

SEJAM BEM VINDOS!
Os Pioneiros
Na segunda metade do século XIX, aqui chegaram os pioneiros, vindos em sua maioria da Barra do Guaicuí. Chegavam em lombo de animal, ou a pé, ou de canoa. Na primeira quadra do século XX, Pirapora recebeu mais uma grande leva deles, de outras origens, alguns já pela estrada de ferro ou pelos vapores. Procediam em sua maioria de cidades de Minas Gerais (Curvelo, Diamantina, Paracatu, Belo Horizonte, João Pinheiro, Ouro Preto, São Francisco, São Romão, Montes Claros) ou do estado do Rio (Mendes, Três Rios, Cantagalo, Miracema). Na época da Escola de Aprendizes Marinheiros mui-tos vieram do Rio de Janeiro, então capital federal, ou da Bahia, mormente do vale do São Francisco.
A Colônia Árabe
Pirapora recebeu também pessoas nascidas em terras distantes. Merecem especial registro os sírio-libaneses que, à primeira hora e ao longo dos anos, aqui aportaram, trazendo consigo seu exemplo de trabalho, de perseverança e de amor à terra que, como uma segunda pátria, os recebeu. Desde o amanhecer de nossa comunidade, aqui chegaram, entre outros: Abbés Abdalla, Amin Abdalla, Bady Bachur, Camilo Alves Sampaio, Davi Pedro, Elias Abelim Pereira da Costa, Felipe Alves Sampaio, Felipe Assad, Felipe Daruiche, Felipe Fahur, Gustavo Pechir, Hattar Abdo Becheleni, Housein Abdalla, Jorge José Kahey, José André, José Jorge Hatem, José Nassif, José Salum Becheleni, Khalil Abdalla, Magid Assad, Nagib Karan (que era egípcio), Pedro Jorge Hatem, Rafic Abdalla, Salomão Abdalla, Salomão de Almeida, Taufic Ali, Ybrahim Khalil Farah (Abraão), Waghy Ibrahim Abbas Sariedine.
A Vez do Nordeste
Depois que os trilhos da Central do Brasil encosta-ram na beira do rio São Francisco e uma vez intensificada a navegação fluvial, Pirapora passou a ser quase que
uma passagem obrigatória para aqueles que saíam do Nordeste, julgando haver chegado a hora de encontrar o Eldorado mais ao sul. É de se lembrar que ainda não existia a estrada Rio-Bahia (BR 116). Muitos dos que pensavam apenas passar por aqui acabavam ficando. Mas houve outros, mais presos, talvez ao velho Chico, que vieram mesmo com a intenção de ficar.
A Colônia Bahiana
Tal fato ensejou a criação da Colônia Bahiana Beneficente, o que se deu em 15 de março de 1932, por iniciativa de Olímpio de Melo, José Wanderley Figueiredo
(Didi), Teófilo Xavier da Costa, João Xavier da Costa (Santinho), Gilberto Gomes, Antônio Pedro da Silva, além do garoto Olímpio Vieira Lima, que assinou a ata
de criação da entidade assistido por sua mãe. No correr dos anos, a Colônia Bahiana foi presidida por Olímpio de Melo, Clementino de Oliveira Costa, Denílio Antônio Porto, Gilberto Gomes, Antônio Batista, Waldemar Pereira Dourado, Walmir Brasil de Oliveira, Manoel Ferreira e Olímpio Vieira Lima. Sediada à avenida Comandante Santiago Dantas, número 294, é atualmente dirigida por Manoel Mariano da Cunha (presidente), José Trajano Porto (vice-presidente), Antônio Pereira Borges (primeiro secretário), Carlos Pereira Borges (segundo secretário), Flávio José dos Santos (primeiro tesoureiro), Olympio Vieira Lima (segundo tesoureiro), Manoel Batista Soares (orador), e Maximiano Pereira Borges Filho (fiscal). Esses baianos elegeram Pirapora como sua segunda terra natal. Em muito contribuíram, com o seu trabalho, sua dedicação, seu espírito de doação, para o progresso da cidade. Dificilmente se encontrará por aqui um empreendimento que não tenha contado com a iniciativa ou a colaboração desse povo bom e simples que soube integrar-se de modo maravilhoso à vida da comunidade.
Uma História
Cada chegada teve sua história e há uma que merece registro. Em 1931, o vapor “Raul Soares”, conduzido pelo comandante Inácio Bispo de Cerqueira, atracou em nosso porto. Dele desceu uma família inteira que havia embarcado em Bom Jesus da Lapa, vinda de Rio de Contas. Era um casal e uma escadinha de oito filhos. Um dos meninos, de olhos bem vivos, cheio de idealismo, chegando aos oito anos de idade, imaginou poder, um dia, fazer algo por aquela cidade que naquele momento os acolhia. Seu nome: Antônio Cândido de Oliveira.